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De “quebra” a título na WSOP: a reviravolta na carreira de Yuri Martins

De “quebra” a título na WSOP: a reviravolta na carreira de Yuri Martins

O poker é repleto de histórias inspiradoras que tornam o jogo mais interessante para aqueles que buscam ganhar a vida com a modalidade. Os relatos de nomes conhecidos – como Yuri Martins Dzivielevski – tornam esses sonhos mais próximos, servindo como estímulo para jogadores regulares que almejam voos mais altos.

Em vídeo publicado no YouTube, o jogador brasileiro que mais acumula braceletes da WSOP revelou alguns detalhes do início de sua carreira, onde relatou ter ficado muito próximo de “quebrar” quando tinha apenas 18 anos – explicando também como esse momento foi fundamental para a virada de chave que o consolidou como um dos melhores jogadores do Brasil e do mundo.

Neste artigo, nós do time da PokerListings resolvemos compilar essa história para aqueles que estão em busca de incentivos para iniciar a recuperação de um momento difícil. Yuri Martins não apenas “deu a volta por cima” quando havia acabado de se tornar adulto: com perseverança, se tornou um exemplo a ser seguido, demonstrando como os resultados sempre chegam para aqueles que se dedicam.

Começo “prematuro” no poker

Nascido em 1991, Yuri começou a jogar poker com apenas 16 anos, inspirado pelo irmão Vitor Dzivielevski. Jogando alguns torneios freeroll e outros com buy-in de centavos, o brasileiro entendeu que poderia se dedicar mais ao jogo quando viu seus pais passarem por uma crise financeira.

Cedo, assumiu – ao lado do irmão – as contas da casa, e com 18 anos já era responsável pela vida sua própria vida financeira e também de sua família. “Minha irmã fazia faculdade de medicina. Então você imagina, eu tinha um custo de vida mensal alto para um jovem de 18 anos”, relata em vídeo publicado no canal Cortes da Reg Life, no YouTube.

Jogando por conta própria na época, Yuri começou a enfrentar dificuldades por não ter um bom controle de sua vida financeira, ainda que já estivesse tendo bons ganhos com o jogo. “Tive sucesso, mas não tinha conhecimento algum de administração, tanto de bankroll quanto dinheiro da vida”, explica.

Por conta disso, se viu em uma situação difícil logo em seu primeiro ano de maioridade. Após somar cerca de 35 mil dólares, Yuri Martins quebrou pela primeira – e única vez – de sua vida:

Imagina que você é um moleque que nunca teve dinheiro na mão. Ter sua própria grana. Eu tive certa grana e despiroquei, né? Comprei moto, gastei um monte de dinheiro. […] Mas o poker conseguiria me dar esse sustento se eu tivesse a cabeça no lugar e não tivesse despirocado. Comecei a ir muito bem. Ganhei 35 mil dólares, poderia ter um bankroll bom, continuar jogando com a cabeça no lugar. Só que achei que era bom demais, comprei muitas coisas e continuei jogando os mesmos valores mesmo com um bankroll menor, até que cheguei em uma fase ruim”, conta o jogador.

“Quebra” e virada de chave

Segundo Yuri, mesmo que estivesse em uma fase ruim no poker, não diminuiu o buy-in dos torneios que jogava e teve um “fim triste” na época: se viu com apenas mil dólares e várias contas para pagar.

Eu agradeço que tenha acontecido cedo na minha carreira, com 18 anos. A partir dai, eu falei: nunca mais vou sentir isso na minha vida. O sentimento de quebrar com várias pessoas dependendo de você é horroroso”, desabafou.

Visando ter um melhor controle administrativo sobre seu dinheiro, Yuri entrou para o time da 4bet, na época. Com o time, teve bastante sucesso e aprendeu a manejar melhor seu bankroll e seu dinheiro pessoal. Menos de um ano depois, saiu do time para voltar a jogar por conta própria.

Foi em 2014 que Yuri viveu seu momento “mais feliz” no poker. O segundo lugar no Main Event da WCOOP não foi apenas a maior premiação de sua carreira, mas também o maior prêmio único que um jogador brasileiro já havia conquistado na época.

“Esse segundo lugar me deu estabilidade financeira. […] Eu tive esse big hit, de 700 mil dólares na época. O meu estilo de vida não mudou, mas fiquei muito seguro para o futuro.Eu quebrei muito cedo, então toda vez que jogava eu pensava na minha segurança financeira, na minha família. Então esse torneio me deu bastante segurança e possibilidade de ficar um tempo estudando mixed games”, revela.

Estudos e ascensão no poker mundial

Yuri Martins
Divulgação: WSOP.

Com a premiação de 2014 e uma nova mentalidade, Yuri passou o ano seguinte investindo eu seus estudos para obter resultados ainda melhores no jogo. Com a estabilidade do ganho na WCOOP 2014, o jogador resolveu se dedicar aos mixed games, em especial, o Pot Limit Omaha (PLO).

O profissional brasileiro conta que, na época, chegou a perder 40 mil dólares em seis meses, sendo o “peixe” das salas onde participava: tudo isso visando melhorar como jogador. Foram meses pagando mentorias, com aulas que chegavam a custar 400 libras por hora.

Depois de nove meses, Yuri passou a ver os resultados no jogo. E a partir dai, os ganhos apenas cresceram. Atualmente, o jogador brasileiro ostenta cinco braceletes da World Series of Poker (WSOP), sendo o maior campeão nacional do evento. Yuri é também o jogador com mais ganhos em torneios live entre atletas do país: são US$ 7,7 milhões, segundo o portal Hendon Mob.

O destaque de Yuri não é apenas nacional, com apenas 34 anos, o jogador brasileiro está entre os 250 que mais ganharam com torneios presenciais no mundo, sendo considerado um dos melhores profissionais da atualidade.

Sua história de dedicação demonstra como é possível obter reviravoltas positivas no mundo do poker, bastando a dedicação ao jogo, aos estudos e o foco mental para não “perder a linha” quando as vitórias ou derrotas consecutivas chegam.